ATA DA CENTÉSIMA SEXAGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 19.11.1991.

 


Aos dezenove dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Centésima Sexagésima Sétima Sessão Ordinária da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Centésima Sexagésima Sexta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Ervino Besson, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Gert Schinke, 04 Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 43/91 (Processo nº 2537/91); pelo Vereador João Bosco, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 234/91 (Processo nº 2754/91); pelo Vereador Lauro Hagemann, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Executivo nº 43/91 (Processo nº 2537/91); pelo Vereador Vieira da Cunha, 02 Emendas ao Projeto de Lei do Executivo nº 43/91 (Processo nº 2537/91). Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios s/nº, do Congresso Ecológico de Municípios Brasileiros; nºs 609 e 610/91, do Senhor Prefeito Municipal. Em prosseguimento, nos termos do artigo 100 da Lei Orgânica Municipal, Tribuna Popular, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Jornalista Teresinha Turcato, representante da Fundação Educacional e Cultural Padre Landell de Moura, FEPLAM, que discorreu sobre a vida e obra do Padre Landell de Moura, expressando o interesse da FEPLAM na rápida tramitação e aprovação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 40/91, de autoria do Vereador Vicente Dutra. Após, foi deferido pelo Senhor Presidente Requerimento do Vereador Vicente Dutra, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Legislativo 40/91 seja incluído na Ordem do Dia por força do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib registrou o transcurso, hoje, do Dia da Bandeira, analisando a importância da comemoração dessa data. Reportou-se ao pronunciamento da Jornalista Teresinha Turcato, durante o período da Tribuna Popular, apoiando a aprovação do Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 40/91. O Vereador Adroaldo Correa discorreu sobre o papel representado pelo Padre Landell de Moura na difusão do conhecimento e no desenvolvimento das telecomunicações. Falando do transcurso, hoje, do Dia da Bandeira, atentou para a necessidade da concreta valorização do significado da bandeira e não apenas seu uso em datas oficiais. O Vereador Nereu D’Ávila saudou a presença, no Plenário, da Jornalista Teresinha Turcato, homenageando a memória do Padre Landell de Moura. Teceu comentários sobre a passagem do Dia da Bandeira, dizendo ser ela um símbolo nacional e, portanto, representar, em si, a pátria brasileira. Às quatorze horas e quarenta e quatro minutos, foram suspensos os trabalhos, nos termos do artigo 84, II do Regimento Interno, sendo os mesmos reabertos, constatada a existência de “quorum”, às quatorze horas e quarenta e oito minutos. A seguir, o Senhor Presidente informou que, a Requerimento, aprovado, do Vereador Cyro Martini, o período de Comunicações da presente Sessão seria dedicado a homenagear as Escolas de Formação de Condutores de Veículos Automotores, Auto-Escolas, registrando a presença, na Mesa dos trabalhos, dos Senhores Levino Borges, Presidente de Honra do Sindicato das Auto-Escolas, e Alcides Nardino, Diretor de Habilitação de Condutores, representando o Departamento Estadual de Trânsito. Em prosseguimento, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Cyro Martini, em nome das Bancadas do PDT, PT, PMDB, PCB, PFL e PL, falou dos motivos que o levaram a propor a presente homenagem, analisando a importância das Escolas de Formação de Condutores de Veículos Automotores para a prevenção de acidentes e, conseqüentemente, para uma maior segurança da comunidade. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, destacou a necessidade da existência de auto-escolas dentro da sociedade atual, homenageando, através da pessoa de Levino Borges, a todos aqueles que tem prestado bons serviços à população nessa área. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Leviano Borges que, em nome das Escolas de Formação de Condutores de Veículos Automotores, fez um relato histórico da evolução dos meios de transporte utilizados pelo homem e agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às quinze horas e vinte e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às dezessete horas e para a Sessão Extraordinária a ocorrer amanhã, às nove horas e trinta minutos. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

Passamos ao período da Tribuna Popular, nos termos do art. 100 da Lei Orgânica. A entidade que fará uso é a Fundação Educacional e Cultural Padre Landell de Moura – Feplam, que expressará à Casa o interesse da Entidade na rápida tramitação e aprovação do Projeto Memorial Padre Landell de Moura, do Ver. Vicente Dutra, Processo nº 2410/91 – PLCL nº 040/91.

Passamos a palavra à Srª Jornalista Teresinha Turcato que, nesse ato, representa a Feplam e falará no período da

 

TRIBUNA POPULAR

 

A SRA. TERESINHA TURCATO: Sr. Ver. Airto Ferronato, na Presidência dos trabalhos desta Casa, Srs. Vereadores, senhoras e senhores. Neste momento, deste dia muito caro para nós, porque é uma data em que se comemora o Dia da Bandeira, em nome da Fundação Educacional Padre Landell de Moura, que homenageia com esse nome o Padre Roberto Landell de Moura, que teve uma grande fidelidade aos seus ideais, nós diríamos, neste Dia da Bandeira, que se faz necessária uma fidelidade maior àquele ideal que nós temos no peito do que ao estandarte pendurado ao mastro. Parece que esta fidelidade é a fidelidade que o Padre Roberto Landell de Moura – a despeito de toda a incompreensão que recebeu por parte da sociedade, do governo brasileiro –, manteve durante toda a sua vida. Este é o motivo pelo qual a Fundação Padre Landell de Moura leva o seu nome.

Nós estamos aqui, em nome da Feplam, para solicitar aos Srs. Vereadores uma rápida tramitação e aprovação do Projeto Memorial Padre Landell de Moura, de autoria do Ver. Vicente Dutra, cujo Processo é o de nº 2420/91. Esse Memorial será uma justa homenagem que a comunidade prestará a esse cientista e religioso gaúcho, precursor de Marconni, de eventos no campo da comunicação, e que permaneceu por muito tempo esquecido, até que há 25 anos foi escolhido seu nome, Padre Landell de Moura, para que fosse batizada essa Entidade que é voltada à educação, à cultura e à comunidade rio-grandense.

Eu vejo, aqui, entre os senhores, muitos Vereadores amigos particulares meus, e outros que já passaram pela Rádio Educadora. Eu gostaria de dizer para aqueles que não conhecem a Rádio Educadora, da Feplam, que ela tem os seus microfones abertos para todos os senhores, independente de cor partidária. Muitos aqui já passaram pelo nosso programa “Espaço Aberto”, “Comentários e Música” e nos deram muita honra participando de debates e de painéis. Além da Rádio Educadora, por quem tenho um apreço todo especial – sou gerente de programação e tenho paixão por rádio – nós temos outros trabalhos de prestação de serviços nessa área, onde se destaca a alfabetização de adultos, a que a Feplam se dedica há vinte e cinco anos.

Além da rádio, a Feplam tem também uma revista cultural, num tempo em que a cultura se faz tão difícil, como bem sabemos, e o nome da revista é “Rio Grande e Cultura”, cujas páginas também estão abertas aos Srs. Vereadores, pois a colaboração dos senhores muito nos honraria. Temos um trabalho com o Comitê Cone Sul, que está representado aqui na Casa pela AGERT, e do qual participam, entre outras entidades, a ARI e a Adjori.

Nós gostaríamos, então, nesse tempo que ainda nos resta, de dar algumas rápidas pinceladas sobre a vida do Padre Landell de Moura, que nasceu em Porto Alegre em 21 de janeiro de 1861. Ele foi Pároco do Menino Deus e da Igreja do Rosário. Em setembro de 1927, foi nomeado Monsenhor, e meio ano antes de falecer, Arcediago do cabido metropolitano. O Padre Roberto Landell de Moura surpreendeu a Cidade de São Paulo em 1893, quando realizou uma experiência pública de transmissão da palavra falada a uma distância de oito quilômetros, fato inusitado na época, utilizando aparelho transmissor e receptor. Tratava-se da primeira rádio transmissão da qual se tem notícia. Para que se tenha idéia exata de seu pioneirismo, somente um ano mais tarde o italiano Marconni obteve alguns resultados satisfatórios no campo da telegrafia sem fio, transmitindo um sinal elétrico a uma distância de sete metros. Vejam os senhores que Marconni realizava essa façanha numa distância de sete metros, e Landell de Moura já havia realizado a uma distância de oito quilômetros.

Sem obter o apoio do governo brasileiro, o cientista pioneiro, incompreendido e esquecido, por largo tempo, faleceu em 30 de julho de 1928. Nos parece, assim, que está a merecer a mais justa, embora tardia, homenagem que a cidade de Porto Alegre possa lhe prestar.

Gostaríamos de registrar a presença do Sr. Presidente da Casa, Ver. Antonio Hohlfeldt, em nome da Fundação Educacional e Cultural Padre Landell de Moura, a quem trazemos os nossos cumprimentos. Ao Ver. Vicente Dutra agradecemos por essa proposta deste Memorial Padre Landell de Moura, e esperamos contar com a compreensão e sensibilidade dos Srs. Vereadores. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o Ver. Vicente Dutra, para um Requerimento.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Dou entrada, neste momento, Sr. Presidente, com um Requerimento solicitando que o Processo nº 2420/91 seja incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da Lei Orgânica, que incorpora o Projeto de Lei Complementar nº 040/91, de nossa autoria, que propõe a verificação de equipamento público de caráter cultural, destinado ao Memorial Padre Landell de Moura. Peço à Mesa que dê a mais rápida tramitação possível, atendendo a apelo da equipe que está organizando as comemorações importantes que se farão nesta Cidade, por ocasião dos 25 anos da Fundação Padre Landell de Moura.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa aguarda, por escrito, o encaminhamento do Requerimento.

A palavra com o Ver. João Dib, para uma Comunicação de Liderança.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu sigo o mesmo caminho que a nossa querida Teresinha Turcato, representando aqui a Feplam, colocou no seu posicionamento. Em primeiro lugar, hoje é dia 19 de novembro, Dia da Bandeira, e é sobre a imensa Nação brasileira, nos momentos de festa ou de dor, que paira sempre a sagrada bandeira, pavilhão de justiça e amor! A bandeira tem sido esquecida, e muito esquecida!

A Prefeitura, até o momento que de lá saí, fazia todos os dias 19 de novembro, ao meio-dia, uma solenidade onde o Prefeito e autoridades hasteavam a bandeira e homenageavam o Pavilhão da Pátria. Era uma homenagem feita com justiça, porque a bandeira tem hoje 102 anos, e foi escolhido o meio-dia do dia 19, quando o sol está no zênite, para que ela fosse homenageada. A bandeira se homenageia não só com palavras, mas, também, com atos como fez o Padre Landell de Moura, que promoveu o Brasil, que deu a sua vida através de inventos. Através da sua formação religiosa para que este País fosse melhor e o que se deseja é que todos nós tenhamos presentes nas nossas vidas, nos nossos atos, a bandeira e o hino, os quais representam a Pátria da melhor forma.

Nós, minha querida Teresinha Turcato, nos solidarizamos com o Projeto do Ver. Vicente Dutra que prevê que se estabeleça, nesta Cidade, numa praça, num local a ser designado, um Memorial à figura ilustre e querida do Padre Landell de Moura. E nada mais justo do que o Requerimento feito, invocando o art. 81, para que o Projeto entrasse na Ordem do Dia, ainda que não tivesse pareceres. A sugestão da Bancada do PDS, a sugestão do Ver. Vicente Dutra é que ele seja incluído na Ordem do Dia do dia 28/11, data em que o Padre Landell de Moura foi ordenado e completaria 105 anos de ordenação. Essa a nossa sugestão, o nosso apoio ao Projeto do nosso Colega de Bancada e o apelo para que todos os Vereadores aprovem sem maiores discussões, porque não há o que se discutir quando se fala no Padre Landell de Moura. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PT, Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente dos Trabalhos, Ver. Airto Ferronato; Srª Terezinha Turcato, representante nesta Sessão da Feplam, e amiga pessoal também; Srs. Vereadores e demais presentes. Eu vou pelo caminho inverso do que foi o Ver. João Dib. É inconteste a personalidade e a expressão universal do Padre Landell de Moura, principalmente nas comunicações, mas também em outros gestos, da investigação, da solidariedade e da busca da construção, disseminação e difusão do conhecimento. E nada mais justo do que uma Fundação que busca difundir estes princípios tenha o seu nome e busque, também, o apoio a este Projeto que desde já declaramos, do Ver. Vicente Dutra, de erguer a Landell de Moura um Memorial em nossa Cidade, até como retribuição da Cidade a um cidadão seu.

Mas disse que ia pelo caminho inverso, porque como pesquisador, como inventor e, portanto, como cientista, não teve como outros o apoio nas fronteiras do País, e citaria Santos Dumont que teve que experimentar os seus inventos sob outras bandeiras de outros países. E citaria um, que esteve sob o abrigo das bandeiras, mas não sob o abrigo das autoridades que tinham o dever de honrar esta bandeira, neste momento: Visconde de Mauá, que foi um empreendedor dos caminhos de ferro contra o interesse colonialista, na época, dos ingleses. Tinham eles a necessidade de vender caminhos de ferro ao Brasil e não permitiam a investigação e a construção desses caminhos de ferro por alguém nacional.

Então, a bandeira hasteada no Paço não é suficiente, ela tem que estar também na consciência e no coração dos brasileiros que são brasileiros em todos os momentos, não apenas no momento de erguer e saudar a bandeira, como podemos fazer no dia de hoje. Mas, não apenas no dia de hoje. E como podemos interrogar sobre o lema que vai escrito nesta bandeira? Ordem para quem? Progresso para quem? Nós queremos que seja para todos, não apenas para alguns a ordem, não apenas para alguns o progresso.

E, como Landell de Moura, gostaríamos que fossem solidariamente repartidos o conhecimento e a riqueza, porque apenas do conhecimento não se vive. Embora, para chegar ao caminho inicial do Ver. João Dib, recordaria que hoje a principal revolução do mundo é a revolução das comunicações, a revolução tecnológica que hoje põe o Japão à frente do mercado internacional, num processo de desenvolvimento acelerado, em que do rádio do início do século ao computador inteligente preste a ser constituído pela investigação tecnológica mais avançada européia e japonesa, o consórcio europeu chegará antes. É esta a interrogação que se fazem os comunicadores, os capitalistas do mundo inteiro, que buscam neste processo a direção da hegemonia econômica do mundo. Porque a hegemonia política ainda é dos Estados Unidos, que tem os sabujos militares para cumprir a ordem do capital do mundo inteiro. Despolarizado este mundo, hoje se serve do Exército Norte Americano para impor a Pax que foi Romana, uma vez, e que hoje é capitalista, independente de pátrias ou bandeiras.

Saudações à Feplam. Saudações à memória do Padre Landell de Moura. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador é o Ver. Nereu D’Ávila, em Liderança pelo PDT.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, representantes da Feplam, nossos visitantes que muito honram a Casa do Povo com suas presenças. Nós, do PDT, queremos nos associar, também, a esta homenagem ao Padre Landell de Moura, solidarizar-nos com o Projeto do Ver. Vicente Dutra para fazermos justiça, ainda que tardia, ao grande cientista que, por questão de detalhes e questões da época, não viu o seu nome escrito como pioneiro nas telecomunicações, como de fato há poucos instantes registrou com muita propriedade a Senhora representante da Feplam.

Por outro lado, também nós nos associamos, neste 19 de novembro, às homenagens ao símbolo maior da nacionalidade, a Bandeira Nacional, como disse outro dia numa discussão a respeito da Revolução Francesa e de outras questões importantes da nossa história, a bandeira também foi fruto da época em que foi proclamada a República, em 1889, em que os brasileiros, liderados por Benjamim Constant, e era uma geração toda influenciada por Augusto Conte, mentor da teoria positivista, tanto que Ordem e Progresso é uma legenda positivista que, aliás, completada seria Amor, Ordem e Progresso. Como não coube o amor, ficou apenas a ordem e o Progresso. Então, foram as influências da época que consubstanciaram o símbolo nacional. Mas, de qualquer modo, ordem, progresso e amor, ou o que for, na verdade o que nos enseja não é uma circunstancial influência do positivismo que incentivou, que influenciou Getúlio Vargas, Júlio de Castilhos e Décio Pilares, se não me equivoco, foi quem desenhou a bandeira com o losango e as cores.

Então, o fato importante é que nós temos símbolos nacionais, e mesmo que fosse outra cor, que fosse, aliás uma tese vencida na época, derrotada, que queria homenagear as raças na bandeira. Aí ela seria preta, branca e vermelha, pelo índio nativo. Na época, o positivismo foi mais forte e deu no que deu, a representatividade das raças na bandeira viu-se tolhida, mas o fato em si, para nós, é que é irrelevante, neste momento, o positivismo representativo na Bandeira Nacional ou não, o importante é que ela é um símbolo nacional. Ela representa as cores do Brasil, representa, enfim, por lei, consubstancia um dos símbolos que inclui a nacionalidade brasileira, e por isso a data é importante. E, hoje, em algumas rádios ouvimos com alegria a inserção do Hino à Bandeira, que muitos brasileiros, lamentavelmente, não sabem de cor.

Mas queria dedicar os segundos finais do meu pronunciamento ao Padre Landell de Moura e dizer, parabenizar a Fundação Landell de Moura pelo esforço, pelos ingentes esforços que esta Fundação vem fazendo e, inclusive, traduzindo para nós todos, para não cair no esquecimento, o Padre Landell de Moura e a Fundação tem tido uma exação fantástica nessa representatividade. E, os Parlamentos, os representantes do povo que são os retransmissores também da população, porque representamos parcela dela, nós, em nome dela, queremos parabenizar a Fundação Landell de Moura e dizer que, de nossa parte, projetos desse porte só engrandecem o Parlamento e que são, merecidamente, dirigidos a instituições tão caras como a Fundação Padre Landell de Moura, e terão todo o nosso apoio. Felicidades, foi um prazer tê-la conosco, e todos os demais, aqui na Câmara Municipal da Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Suspendemos os trabalhos por dois minutos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 14h44min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 14h48min): Estão reabertos os trabalhos. Informamos que o período de Comunicações desta tarde será destinado a homenagear as Escolas de Formação de Condutores de Veículos Automotores, ou seja, as auto-escolas, a Requerimento do Ver. Cyro Martini, conforme Proc. nº 1059/91. Compõem a Mesa, além deste Vereador Vice-Presidente, o Exmo Sr. Levino Borges, Presidente de Honra do Sindicato das Auto-Escolas e o Exmo Sr. Delegado Alcides Nardino, Diretor de Habilitação de Condutores, representando o Detran.

Passamos a palavra ao Ver. Cyro Martini, que fala em nome da sua Bancada, o PDT, e pelas Bancadas do PT, PMDB, PTB, PCB, PFL e PL.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente em exercício, Ver. Airto Ferronato; Dr. Alcides Nardino, Delegado de Polícia, representando nesta oportunidade o Departamento do Trânsito do Estado do Rio Grande do Sul, bem como a Polícia Civil; Sr. Levino Borges, Presidente de Honra do Sindicato das Escolas de Formação de Condutores; Srs. Diretores, Instrutores, Sras Diretoras, Instrutoras de auto-escolas de Porto Alegre e do Estado. Para nós, nesta oportunidade, é motivo bastante para nos sentirmos felizes, para nos sentirmos contentes em poder prestar esta homenagem a esta categoria a qual muito deve Porto alegre, como de resto do Estado e o Brasil de um modo geral.

Fico feliz por várias razões, mas a principal delas, sem dúvida, é aquela que se assenta o passado profissional meu, através do qual eu tive a oportunidade de lidar constantemente com as Escolas de Formação de Condutores de Porto Alegre e no interior do Estado. Com muitos desses que estão aqui nós nos relacionamos profissionalmente, socialmente, e esse é um momento, então, de recordação, por um lado, mas uma figura se destaca dentro deste contexto que é o Sr. Divino Borges. É uma bandeira que as auto-escolas têm para enfrentar a sua luta. Ele já se confunde com a bandeira das auto-escolas. Foi, num passado recente, aquele que elevou bem alto a bandeira, através da Associação das Auto-Escolas, desta categoria, e o fez com muita vontade e com muita galhardia e emprenho. E, hoje, nós vemos as auto-escolas trilharem um caminho, que ainda não é aquele que elas merecem, mas é um caminho mais bem preparado, mais adequado para andar. Mas, no passado, a luta, sem dúvida, foi muito difícil.

A minha felicidade reside em poder prestar esta homenagem, neste dia das auto-escolas, dia em que se comemora, também, dentro da Nação, uma data significativa, que é o Dia da Bandeira, o dia do Pavilhão Nacional, e essa aproximação muito bem diz da importância das auto-escolas. O Brasil, o Rio Grande, Porto Alegre ainda não acordaram, não se deram conta plenamente sobre o valor das auto-escolas, dentro deste contexto que diz respeito à prevenção de acidentes. A esse propósito, de se encontrar soluções mediante as quais se possam evitar acidentes de trânsito, hoje é gigantesco, é incomum. O número de mortes, nessa última semana, no feriadão, no território gaúcho foi expressivo. Quantos acidentes de proporções nós vimos nos noticiários da televisão, nas fotografias dos jornais.

Então, vejam o que significa a auto-escola nesse contexto: significa o ensinar, o instruir, o preparar, o habilitar o condutor. Uma das grandes acusações é contra um elemento integrante desse universo viário, motorista, pois é justamente nele que reside a causa maior dos acidentes de trânsito. A falha humana, ou seja, do condutor, do motorista, é a falha de alguém que através de um procedimento irresponsável, através de uma imprudência, deu causa a um acidente de trânsito. E nós dizemos: “Ali reside o problema maior, ali está a causa maior”. Não está no automóvel, não está na pista, não está no tempo; está no condutor. E quando nós pensamos assim é que devemos lembrar-nos da auto-escola para, através dela, realizar um trabalho preventivo, um trabalho que se dedique a formar melhor o motorista. Mas como conseguir isso? Hoje, não é obrigatória a passagem pela auto-escola; chegou a ser em um momento, mas não perdurou; e se perguntarem para aqueles que lidam com as coisas do trânsito, seja uma autoridade, seja um técnico, ou apenas um curioso, um estudioso das coisas do trânsito, eles dirão que o problema reside em não ser obrigatória a presença na auto-escola. A maioria das pessoas aprende por aí, incorporando no seu comportamento vícios, defeitos que jamais vão corrigir e esses defeitos, essa falta de preparação psicológica ou psicopedagógica adequada faz com que aquele motorista não esteja preparado para enfrentar a curto, médio e longo prazo, de modo devido, o trânsito. Ele não será o elemento adequado para a boa ordem, para a boa segurança do trânsito.

Então, quando pensamos em aqui trazer as auto-escolas para homenageá-las, não estávamos pesando em reconhecer o seu mérito no que tange ao seu esforço histórico para melhorar a situação do trânsito, contrariando a própria legislação que não as ampara, que não as ajuda. Às vezes, até, é a própria administração que não as acolhe de modo devido. Por tudo isso já seria bastante trazê-las aqui para reconhecer-lhes o mérito, mas as estamos trazendo aqui para mostrar para a comunidade porto-alegrense as auto-escolas e apontar para elas dizendo: eis aí um recurso do qual ainda não se valeu a administração, de modo conveniente, para conseguir uma política de prevenção mais adequada no trânsito. Isso é muito importante.

Desde que estou nesta Casa, esta é a primeira vez que se presta uma homenagem às auto-escolas, é a primeira vez que se faz esse reconhecimento público do valor que elas têm. Por isso, em nome do meu Partido, o PDT, e também em nome dos Partidos que a ele se somam, como o PDS, o PMDB, o PT, o PL, o PFL, o PTB e o PCB, queremos trazer o nosso abraço, a nossa gratidão aos esforços despendidos pelas auto-escolas. Muito teríamos a dizer, mas queremos deixar registrado, através da Câmara Municipal de Porto Alegre, que a Cidade sente-se entusiasmada, contente em poder transmitir o seu abraço às auto-escolas, pedindo para que se empenhem ainda mais, porque o número de mortos no País, no Estado do Rio Grande do Sul exige que a auto-escola esteja ali, cada vez mais presente, para formar um melhor condutor, para nós termos um motorista mais habilitado no exercício do volante.

O Delegado Alcides Nardino, que está aqui, ele quer um motorista mais habilitado para evitar que a estatística dele seja uma estatística que mostre um número de reprovação muito grande; ele quer que todos logrem aprovação, mas que tenham plena habilitação técnica e especialmente plena habilitação psicológica, na cabeça da pessoa que tem que estar com responsabilidade e consciência.

O Sr. Levino que é um batalhador antigo, aquele que formou o primeiro motorista de Porto Alegre, aquele que teve a primeira auto-escola do Rio Grande do Sul, de Porto Alegre, que trouxe as auto-escolas pelas mãos, que as conduziu para esta força que são, hoje, as auto-escolas, mas as auto-escolas ainda não têm – e continuo repetindo – a expressão que devem ter no contexto administrativo do trânsito e por elas nós vamos lutar, nós vamos batalhar. Ontem, foram associações, hoje, são sindicatos. É sinal de que têm consciência de classe, que sabem o que querem e para onde vão e assim devem continuar nessa luta, nesse empenho e para que a própria administração e a própria autoridade encontrem e reconheçam a categoria, a classe.

Eu sempre digo para as pessoas de modo geral, que para mostrar valor, para mostrar empenho reivindicatório nós precisamos de união, organização e pressão. E é isso que qualquer categoria, começando pela dos senhores e senhoras, é isso que precisamos, e para isso nós vamos sempre ter a nossa palavra no sentido de incentivar, de motivar para que isto aconteça. É de gente forte, aguerrida e brava que esta terra, Porto Alegre, o Rio Grande, o Brasil precisam. Eles não precisam de gente acanhada, de gente que não lute, que não batalhe. Eles precisam de gente que tenha convicção do que faz, e que queira ver a vitória ao término dos seus esforços.

Nós temos, neste contexto, hoje, uma organização que cada vez mais é digna de elogios e de encômios. Os despachantes, que aqui estão representados pelo nosso sempre querido estimado amigo, se eu disser o nome ninguém sabe, mas se eu disser o apelido todo mundo sabem, que é o Papagaio, que é muito amigo de todos. Também aqui a representação do Sindicato dos Despachantes, o motivo de satisfação e da transmissão do nosso abraço.

Então, fica aqui a homenagem da Casa, a nossa saudação, as nossas portas estarão sempre abertas. Que a luta dos senhores seja a nossa luta, porque a luta desta Casa é a luta pelo engrandecimento de Porto alegre, e pela melhor sorte de todos, especialmente do trânsito. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. João Dib, pelo PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; meu caro Professor Levino Borges; meu caro Delegado Alcides Nardino, representando neste ato o Detran; senhores homenageados. Em nome da minha Bancada, o PDS, dos Vereadores Leão de Medeiros, Vicente Dutra, Mano José e este Vereador, venho a esta tribuna para me solidarizar e trazer a solidariedade da minha Bancada com a proposta muito bem colocada pelo Ver. Cyro Martini, que já foi Diretor do Detran e que muito contribuiu para que a nossa Cidade tivesse trânsito melhor.

Mas, meus caros homenageados, não vou falar das auto-escolas, porque vocês sabem mais do que eu o quanto elas são necessárias e quanto elas são imprescindíveis no trânsito tumultuado que vivemos. Precisamos aprender, e as auto-escolas estão para isto. E não preciso dizer para vocês da competência, o carinho com que é feito, porque vocês fazem isto todos os dias.

Quero, evidentemente, em nome da minha Bancada, que vocês tenham pleno sucesso, que continuem engrandecendo o Sindicato, a Associação, e aumentando cada vez mais a possibilidade de termos motoristas melhores nas ruas. Estamos formulando votos de sucesso ao longo de todas as suas vidas. Mas queremos, isto sim, homenagear numa pessoa, todos. E escolhemos o Professor Levino Borges, um dos iniciadores das auto-escolas, que tantos bons serviços têm prestado a este Estado e até fora dele.

O Professor Levino Borges, uma figura que nós somos obrigados a respeitar pela sua capacidade, integridade, dedicação ao trabalho e que até nos deu um filho seu, diretor do Detran, que também à semelhança do Delegado Nardino, contribuiu como o Delegado Nardino contribui para que esse trânsito seja melhor, para que tenhamos menos dificuldades no trânsito. Em abraçando o Professor Levino Borges, em nome da minha Bancada, o Delegado Nardino, eu quero que vocês, homenageados de hoje, recebam o abraço da Bancada do PDS, que também se transmite a todos aqueles que junto com vocês no dia-a-dia lutam nas escolas para que nós tenhamos um trânsito melhor. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com palavra o Professor Levino Borges, que é Presidente de Honra do Sindicato das Auto-Escolas, que fala em nome das escolas de formação de motoristas.

 

O SR. LEVINO BORGES: Exmo Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato, quiseram os meus colegas do Sindicato de Auto-Escolas do Rio Grande do Sul que fosse eu o escolhido, ainda que quase de surpresa, para ser o intérprete de seus pensamentos quanto à homenagem que aqui se presta a essa entidade de classe.

Antes eu gostaria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de lembrar aqui uma figura a quem esta Casa e o Município de Porto Alegre muito deve, o saudoso Aloísio Filho, que foi meu colega e Diretor da Auto-Escola Riograndense, na Praça Parobé, e que o seu prestígio contou com o apoio dos bairros de Navegantes, São João e Floresta para se reeleger por diversas vezes, inclusive, como Presidente desta Casa, chegando a exercer o cargo de Prefeito. Senhoras e senhores, faço aqui o meu pronunciamento. (Lê.)

“No começo do mundo, o homem tendo compreendido que somente através de suas próprias pernas não poderia desenvolver em toda plenitude as atividades necessárias ao seu progresso, tomou como meio de transporte mulas, camelos, bois, cavalos, elefantes, carroças, balões no ar e trenós. Ele passou, depois, a usar barcos na água, esquis na neve, patins no gelo e, posteriormente, a bicicleta.

O Sonho da carruagem sem cavalos, ou melhor, do automóvel, capaz de velocidades extraordinárias é talvez tão antigo quanto o próprio homem. Alguns pesquisadores procuraram identificar as primeiras idéias do automóvel na Ilíada, de Homero, na parte em que ele descreve as fantásticas obras construídas por Vulcão, na preparação do Conselho dos Deuses, entre as quais figurava uma roda mágica de ouro maciço que obedecia ao comando dos Deuses. Outras pessoas encontraram indicações do que viria a ser o futuro automóvel nas profecias de Nahum e Ezequiel, do Velho Testamento: ali estão descritas carruagens maravilhosas capazes de autopropulsão, e fantásticos ‘monstros’ mecânicos que eram, talvez, capazes de voar.

Traços de lendas, provavelmente originárias destas profecias, são encontradas pela primeira vez nos estudos do herói de Alexandria, que descreveu uma máquina de sua própria invenção, movida por meio de um estratagema que parecia de algum modo antecipar os modernos motores a jato usados nos aviões.

No entanto, ao que se sabe, o primeiro veículo que realmente se deslocava por sua própria força provavelmente data do tempo de Alexandre, o Grande. Era provido de motor a vapor. Tratava-se de um carro utilizado nas guerras; ele era dotado de lanças e foices e lançado colina abaixo contra as fileiras inimigas.

Mas o sonho ao automóvel continuou. Muita gente acredita que o carro foi previsto por Roger Becon, grande cientista e filósofo do século XIII. Becon, de fato, escreveu o seguinte: ‘Um dia, construiremos máquinas capazes de impulsionar grandes embarcações e uma velocidade muito superior a uma tripulação de remadores e necessitando apenas de um piloto para governá-la’. Disse mais: ‘Um dia, dotaremos carroças com incrível velocidade, sem a ajuda de qualquer animal. Construiremos, também, máquinas aladas capazes de nos levar pelo ar como pássaros’. Tal visão do futuro, tão desenvolvida naquela época, podia apenas estimular desconfianças nas autoridades, e Becon foi sonhar na prisão por dez anos de sua vida. Foi acusado de magia e pacto com o demônio. O tratado que contém a passagem descrita só foi publicado trezentos anos após a sua morte.

Ao que sabemos cerca de trinta pesquisadores, a partir de 1589, se empenharam na busca da fórmula adequada para fabricar o tão sonhado automóvel, mas somente a partir de 1891 é que alguns deles conseguiram fazer o ‘monstrinho’ rodar pela sua própria força, a princípio com motor a vapor.

Foi assim que Mister Henry Ford, já conhecendo o motor à explosão interna fabricado por Otto e Dainler, construiu o afamado Ford de ‘Bigode’, em 1892. Ele havia retirado da sua cocheira o ‘monstrinho’ por ele construído e foi dar umas voltas pelas ruas de Detroit, sendo quase linchado pelos cavaleiros e outras pessoas, pois o barulho produzido pelo ronco do motor fez com que os cavalos disparassem rua a fora, as crianças chorassem, as velhas rogassem pragas e o padre rezasse para afugentar o demônio. Na iminência de sofrer atentados físicos, tal a ira popular, Ford foi à casa do Alcaide ou Prefeito, obtendo deste uma licença para poder dirigir seu veículo e voltar para sua casa. O fordeco de Mister Ford assustou meio mundo, mas acabou sendo uma das viaturas mais vendidas em todo o mundo. Mister Ford foi o primeiro motorista habilitado, e o Alcaide de Detroit, o primeiro examinador, na ‘marra’, como se costuma dizer na gíria.

Depois destes dados históricos sobre o automóvel, na qualidade de fundador da mais antiga auto-escola no Estado – 1º de janeiro de 19320 – ex-membro da Comissão Técnica e Examinadora da extinta Inspetoria de Veículos, fundador da Associação Auto-Escolas, hoje transformada em Sindicato, ouso dizer o seguinte: segundo a Organização Mundial de Saúde, os acidentes de trânsito constituem um verdadeiro flagelo da humanidade. Há indivíduos predispostos que concentram sobre si 80% dos acidentes de trânsito. Alguns psicólogos concordam – ainda que sob aspectos diversos – em considerar que o indivíduo inclinado ao acidente caracteriza-se por conflitos anteriores, uma péssima educação ou sentimento de culpa.

Assegura-se que um teste grafológico efetuado por um profissional competente, como por exemplo o Dr. Enis Rey Gil, que há mais de vinte anos chefia os serviços de Psicologia do Detran, pode identificar tais indivíduos, cujas assinaturas são geralmente entrecortadas, com linhas e sinais gráficos de variados gêneros. Frei Francisco de Mont’Alverne, orador sacro e psicólogo do Século XIX, já afirmava: ‘o homem pode ser conhecido até pelo traço de sua letra’. Calcula-se que entre 70 e 80% dos acidentes dependem do fator humano. O condutor mal preparado, que aprende a dirigir por conta própria ou ensinado por ‘pseudo’ instrutor, ou, ainda, que dá aquelas fugidinhas com o carro do pai e vai fazer ‘cavalo de pau’ ou o chamado ‘racha’, sem o mínimo conhecimento das leis de trânsito, estará fatalmente predisposto a envolver-se ou praticar acidentes de conseqüências imprevisíveis, com sérios prejuízos à sociedade pela impunidade por ser menor de idade.

O escritor Luigi Pirandello, Prêmio Nobel, escreveu em um de seus romances o seguinte: ‘O homem criou os seus deuses de ferro e aço. Criou-os para escravo e servo deles. Pode-se chamar a isto o triunfo da estupidez. A máquina, trabalhando a toda velocidade, devorará fatalmente as nossas almas e as nossas vidas’. Por incrível que pareça, ainda há legisladores interessados na habilitação como condutor, de menores de 18 anos.

Ao agradecer a gentileza da Presidência desta Casa o convite que muito me honrou para aqui comparecer, solicito permissão para num rápido bosquejo citar um fato ocorrido em Paris. Ao tempo de Luiz XV, as Damas da Corte costumavam desfilar pelas ruas e praças de Paris dirigindo lindas carruagens puxadas por uma parelha de cavalos brancos, chamando atenção dos transeuntes e galanteios dos moços e velhos metidos a conquistadores. Certa vez, ao fazer o retorno numa praça, duas carruagens colidiram frontalmente, resultando ferimentos numa sobrinha de Sua Majestade, o que provocou comentários na imprensa e grande parte da população. Sua Majestade, sabedor do fato, mandou chamar à sua presença o Chefe de Polícia Capitão Dangerson, ordenando-lhe que baixasse imediatamente uma portaria proibindo que as Damas da Corte menores de quarenta anos de idade dirigissem tais viaturas em todos o país. Acabaram-se os acidentes envolvendo as Damas, pois ninguém mais quis dirigir carruagens em Paris ”.

Eis, Sr. Presidente e Srs. Vereadores que tiveram a gentileza de escutar este velho de oitenta anos. Mas eu não poderia deixar de agradecer a homenagem prestada às auto-escolas e ao Sindicato, especialmente saudando, me permitam, duas figuras muito importantes para mim: a primeira, evidentemente, como não poderia deixar de ser, é o Ver. Cyro Martini, ex-Diretor de Trânsito, lutador, batalhador; e o segundo é esta figura simpática, esse elemento que é um símbolo de Porto Alegre, exerceu a Prefeitura por diversas vezes, Ver. João Dib, que apesar do seu defeito físico, o seu espírito superior se mantém mais lúcido do que nunca, e continuará prestando serviços a essa população e ao Rio Grande do Sul.

Para finalizar eu diria um poema, que não tem relacionamento com esta homenagem:

 “Quando, da fria morte a mão pesada,/Os pulsos me prenderem e eu for sentindo,/Que os alentos da vida vão fugindo,/E para o sangue a marcha acelerada,/Eu quero ter vossas almas debruçadas/Na minh’alma infeliz que vai partindo/Vossos prantos com o meu pranto confundindo-se/Na mesma dor pungente acabrunhada,/Talvez que a morte em vez de dor eu viva/E em vossos braços me deixo complacivo/Ou, fique triste por vos ver chorar,/Ou, então, ao destino obedecendo/Consinta que eu aos poucos, vá morrendo/Só para em vossos braços demorar”. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa comunica o deferimento do Requerimento do Ver. Vicente Dutra, de inclusão do PLCL nº 040/91 na Ordem do Dia por força do art. 81 da Lei Orgânica. Informamos que hoje, às 17 horas, haverá uma Sessão Solene para homenagear o dia da Consciência Negra, a Requerimento do Ver. Adroaldo Corrêa.

Agradecemos a todos os senhores e senhoras presentes e encerramos os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h24min.)

 

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